
Moreira Franco e Fiote
Quando jantávamos Fernando e eu, em Brasília, chegou o Ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, acompanhado de políticos de alto coturno do PMDB. Moreira é um dos que manda mesmo no PMDB desde os tempos que era Governador do Rio.
Fernando então se apressou em me contar que num encontro há semanas, Moreira perguntou se estava tratando bem dois amigos que tem em Angra. Um era este jornalista e o outro o vereador Fiote.
Conheci Moreira quando era repórter de O Globo e sempre tivemos um relacionamento amigável, mas profissional – de jornalista para fonte. Para quem não sabe, Moreira Franco é do Piauí e veio para o Rio de Janeiro para estudar Ciências Políticas e morava numa pensão que entrou para história como Solar da Fossa. Nos anos 60 e 70, lá moravam jornalistas, artistas (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Betânia, Gal), escritores, poetas, e militantes políticos. Moreira é de uma corrente política chamada Partido Operário Maoista – de vertente comunista, dividindo idéias e bandeiras com outro marxista Cristovão Buarque (ex-governador de Brasília, ex-ministro da educação e atual senador do PDT). Cristovão era outro estudante pobre morador do Solar da Fossa.
Moreira conheceu uma militante de esquerda chamada Celina. Só que Celina era filha de Amaral Peixoto, por sua vez, genro de Getúlio Vargas e que mandava de montão na política do velho Estado do Rio.
Em 1974, haviam dois partidos no Brasil. A ARENA que defendia os militares e o MDB que reunia políticos conservadores e aguerridos militantes da esquerda. A ARENA sempre vencia até aquela eleição de 1974. O MDB varreu o Brasil de fora a fora, elegendo a maioria dos governadores. Moreira Franco estreava na política como candidato a deputado federal pelo PMDB. Foi de longe o mais voltado do velho Estado do Rio. Em Angra, Moreira teve quase 5 mil votos, quando o eleitorado era de 13 mil eleitores. Um arraso.
Quem apoiou Moreira em Angra? O então vereador José Elias Rabha, pai de Fiote. Moreira nunca esqueceu esse apoio e sempre tratou a família de José Elias com muita deferência. Quando Governador, Moreira veio a Angra e almoçou o quibe da mãe de Fiote na casa da família, na Coronel Carvalho.
Foi nesse almoço que Moreira Franco me chamou e pediu para que eu aproximasse os jornais de interior, cuja associação já dirigia por causa do jornal Maré, do seu governo. Reuni os jornais, expus a proposta e ela foi acatada bem porque embora fizesse um governo nal aprovado na capital do estado por causa de uma onda de sequestros, suas realizações no interior eram incontestáveis. De lá pra cá, fortaleceu esse vínculo profissional que descambou para o político em 1996, quando eu fui candidato a prefeito pelo PSB. Mesmo presidente do PMDB estadual, Moreira me apoiou. E como ele não esquece de José Elias, não posso esquecer o seu apoio.
Só para constar. O maior comerciante de Angra de 1974 já era Carmelo Jordão. Ele e toda a sua família, incluindo o atual deputado federal Fernando Jordão (então com 21 anos), apoiaram candidatos da ARENA.
Desculpem essas reminiscências, mas sou testemunha ocular da história.
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